Uma mulher procurada pelo FBI por orquestrar um golpe de criptomoeda conhecido como OneCoin, de US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 24,7 bilhões), foi alvo de um congelamento global de ativos, movido em nome de investidores que buscam indenização. Ruja Ignatova, conhecida como a “rainha das criptomoedas desaparecida”, foi alvo de uma ordem de congelamento global que impede que seus ativos sejam vendidos ou movidos. As informações são da BBC.
De acordo com a reportagem, Ignatova não foi vista desde que desceu de um voo da companhia área Ryanair em Atenas, na Grécia, há mais de seis anos. A BBC alega que Ruja tem ligações com o submundo búlgaro e com um homem amplamente suspeito de ser um chefe do crime organizado, que estaria envolvido em seu desaparecimento.
Até agora, as tentativas dos investidores do OneCoin de obter uma compensação significativa por suas perdas falharam, assim como a busca por Ruja. As autoridades dos EUA estão atualmente oferecendo uma recompensa de US$ 5 milhões por informações que levem à sua prisão.
Segundo a BBC, a ordem de congelamento, tornada pública na quarta-feira, 8, no Tribunal Superior de Londres, faz parte de uma ação coletiva movida por mais de 400 investidores do OneCoin, liderada por Jennifer McAdam. Jennifer disse que ela e seus amigos e familiares perderam mais de £ 200.000 no esquema OneCoin.
“Eu vi em primeira mão o preço que essa fraude cobrou de tantas vidas”, disse à BBC. “As histórias das vítimas são de partir o coração e a ruína financeira em que foram deixadas é insuportável”, completou.
Jennifer McAdam, da Escócia, compartilhou sua história pela primeira vez em 2019 com o podcast Missing Cryptoqueen, produzido pela BBC. Como outros entrevistados de Uganda e dos EUA, ela convenceu seus amigos e familiares mais próximos a investir, antes de perceber que era uma farsa. Só no Reino Unido, a BBC estima que os investidores do OneCoin perderam mais de £ 100 milhões.
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Segundo a BBC, os investidores do OneCoin na ação coletiva estão sendo representados pelo escritório de advocacia Mishcon de Reya. “A ação permanece aberta neste momento, então os requerentes ainda podem participar”, disse Rhymal Persad, sócio da empresa. “Somente os investidores que assinarem a reivindicação poderão receber quaisquer danos recuperados”, afirmou.
A ordem de congelamento não tem como alvo apenas Ignatova, mas outras sete pessoas e quatro empresas - todas supostamente conectadas ao esquema OneCoin de alguma forma.
Entre eles está o cofundador do OneCoin, Sebastian Greenwood, que está em uma prisão dos EUA cumprindo uma pena de 20 anos por seu papel na fraude. Também sujeitos ao congelamento estão os empresários britânicos Christopher Hamilton e Robert MacDonald, que compareceram ao tribunal em Londres. A dupla é acusada pelas autoridades dos EUA de lavagem do dinheiro proveniente do OneCoin, mas tentativas de extraditá-los para serem julgados nos EUA falharam.
Também sujeitas ao congelamento estão duas empresas em Guernsey que a BBC afirma que foram usadas por Ignatova para comprar uma cobertura de £ 13,5 milhões em Kensington e um apartamento de £ 1,9 milhão no mesmo prédio para seus guarda-costas usarem.
Os promotores do OneCoin também estão sujeitos ao congelamento. Embora, assim como os investidores, eles possam ter sofrido perdas quando o OneCoin entrou em colapso e Ignatova fugiu. Eles supostamente teriam recebido somas significativas recrutando mais investidores.
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